Vitor possui uma trajetória ligada à ciência, como medalhista nas olimpíadas de astronomia e matemática, dentre outros interesses. Ele iniciou seus estudos em agosto de 2019 na Stetson University, nos Estados Unidos, onde hoje fará seu major em Physics e double-minor em Spanish e Mathematics.
Quando eu penso no Vitor, eu só consigo lembrar que ele aplicou para mais de 50 universidades e então o pergunto: hoje, você indicaria a outras pessoas a fazer o mesmo? Como você colocou esse planejamento em prática?
“No ano de 2018, eu estava no meu gap year (ano sabático), já havia feito o application durante o terceiro ano do Ensino Médio e fui negado em todas as universidades que tentei. E, mesmo que inicialmente tenha sido desgastante pensar que teria que passar por todo o processo novamente, esse ano de gap year foi incrível e mudou a minha vida. No Ensino Médio, eu estudei no IFES (Instituto Federal do Espírito Santo) e passei anos longe da minha família e da minha cidade, e voltar para lá foi tanto gratificante quanto desafiador. Eu pude dar à minha comunidade o que eu tinha aprendido longe. Além disto, ainda criei um curso de inglês na cidade, que obteve um ótimo aceitamento pelas pessoas — até hoje me procuram para saber se dou aula de inglês lá. Hoje, eu sou mais forte em relação à mim mesmo devido a esse ano, e esse crescimento pessoal veio desde estar junto à minha comunidade até ter tido a oportunidade de ter sido aceito com bolsa no Summer de Wake Forest University, onde fiz amigos que acabaram se tornando meus amigos de application, com correção de essays. Por fim, eu tinha uma lista inicial de 20 colleges, fiz todo o planejamento a tempo para aplicar para elas até o dia 1 de Janeiro, e assim o fiz, mas, depois das festas de fim de ano, vi que não estava fazendo nada e decidi tentar. Muitas essays eu pude reciclar e não gastei nada a mais para aplicar às outras mais de 40 colleges, já que pedi fee waiver e free report em todas. Portanto, aplicar para muitas colleges foi uma possibilidade que tive baseado no meu planejamento. Acredito que vai de pessoa para pessoa”
E quais atividades você realiza na universidade?
“Além das aulas demandarem muita leitura, que é algo que eu não estava acostumado, eu participo do coral, que é uma atividade que eu faço desde o Ensino Médio e faz parte da minha história. Além disso, penso em abrir uma BRASA local na universidade; existem muitas associações latinas na universidade, mas nada que conecte brasileiros com brasileiros.”
O público do SuperMentor em sua maioria é de pessoas que precisam de bolsa e, pesquisando um pouco mais sobre a universidade, percebi que as bolsas são escassas. Fiquei sabendo que você foi contemplado com a bolsa Global Citizen que oferece full tuition, mas ainda tem que pagar o room and board. Nesse caso, como a sua família está fazendo para lidar com esse desafio econômico e quais são suas perspectivas a respeito?
“Antes de vir para Stetson, eu comecei a fazer física na USP. Quando os resultados do application saíram, eu tinha sido aceito em muitas universidades mas nenhuma com full-ride (bolsa completa), mas, dentre todas as opções, Stetson foi a que mais me deu bolsa, tendo saído o resultado da bolsa Global Citizen em Abril. Contudo, eu ainda teria que arcar com os custos de room and board. Inicialmente, antes de vir para cá, eu tinha aceitado que isso seria impossível; minha família não poderia pagar, mas, depois de uma grande jornada, meus pais decidiram me apoiar e agora estão fazendo um esforço inimaginável para que eu esteja aqui. Eu posso trabalhar na universidade e estou procurando novas alternativas.”
Stetson não é uma universidade muito conhecida, e a USP é conhecida por ser uma universidade brasileira muito bem rankeada. Portanto, por que você escolheu arriscar tudo nessa universidade?
"É claro que Stetson não é a universidade que eu sempre sonhei em estudar. Posso dizer que a descobri bem pouco tempo antes de aplicar, mas, aqui, desde o primeiro dia que eu cheguei, me sinto em casa. Na USP, eu era só mais um número. Eu vejo que, se não fui aceito nas outras universidades, é porque eu tinha que estar aqui. A universidade tem uma comunidade pequena comparado a outras universidades: um total de 4330 alunos incluindo undergraduates e graduates; e eu sinceramente amo isso. É muito bom andar pelo campus e saber que as pessoas me conhecem e me chamam pelo nome. Além disso, a universidade não é muito conhecida no Brasil, mas é pioneira em muitas coisas aqui na Flórida."
Cada lugar dos Estados Unidos é muito único e é claro que isso influencia na vivência universitária. Como tem sido para você morar aí?
“Como eu falei, aqui eu me sinto em casa; as pessoas sempre fazem eu me sentir melhor, então, não senti muita diferença do Brasil, mas é claro que, por exemplo, estranhei o clima. Aqui é bem quente e úmido — parece uma estufa — e, por vir de um país tão quente como o Brasil, não pensei que sentiria essa mudança. Uma outra situação que aconteceu aqui e que é nova para mim são os furacões. Na Flórida, é comum ter furacões. A cidade e a universidade são bem preparadas e nos oferecem treinamentos. A universidade não tem abrigo para furacões, então eles pedem pra gente sair da faculdade; para aquele que não tem aonde ir, eles fazem um pareamento com uma família voluntária, que foi o meu caso.”
Espero que vocês tenham gostado da entrevista, e o Vitor ainda nos deixa um comentário bem relevante: a comida de lá é ótima mesmo que a avaliação no Niche seja C!