Meus jovens Padawans (a.k.a mentees),

Como vocês estão? Meu nome é Orisvaldo e vim contar um pouco da minha experiência de application desde o início e desmistificar algumas partes dessa caminhada. Tudo começou quando decidi que iria aplicar. Isso aconteceu quando percebi que minha vocação não era engenharia, mas sim pesquisa científica, e, para essa área, as oportunidades que uma graduação no exterior proporcionam são muito altas. Inspirando-me na minha prima, que estudou no MIT (Massachusetts Institute of Technology), eu também o adotei como top choice (se você for louco por ciências/tecnologia como eu, não é difícil se apaixonar pelo MIT). No fim do meu segundo ano, apliquei para algumas mentorias e consegui virar mentee/advisee do Oportunidades Acadêmicas (OPP) e do BRASA PRÉ.

E feito isso, era necessário passar por um caminho prazeroso e tortuoso chamado application. Então, eu aceitei o desafio!

Como a maioria já sabe, nele são avaliados muitos fatores — testes padronizados, essays, recommendation letters, college list, honors e extracurriculares, currículo escolar, entrevistas — isso em paralelo com as próprias extracurriculares, Ensino Médio (para aqueles que não estão em gap year)... Enfim, muita coisa.

No meu caso, eu não tinha uma grande quantidade deextracurriculares, mas elas consumiam muito tempo, principalmente olimpíadas acadêmicas, para as quais eu tinha aula quase todos os contra turnos da escola (note: aulas de olimpíadas são consideradas uma extracurricular, mas premiações em olimpíadas são consideradas honors).

“Foco acima de tudo! hahahah”

Por conta disso, o tempo que eu tinha para o application (até por volta de Setembro) era muito limitado, então, eu foquei nas partes que deviam ser levadas com um olhar mais metódico e técnico: os testes padronizados. O Oportunidades Acadêmicas havia um calendário programado, o que foi muito bom (mas, se você não tem uma boa logística de provas ainda ou não sabe como organizar seu application no geral, vou te mostrar um segredinho, ou dois…).

As Provas

Para mim, o mais complicado foi o inglês — o mundo de olimpíadas não envolve você em uma imersão útil no inglês para as principais provas (ACT, TOEFL, SAT). No entanto, eu já tinha um forte background para as seções de Math (in general) e SAT Subjects, por conta das olimpíadas e da turma ITA/IME do meu colégio, na qual eu participei durante meu Ensino Médio inteiro. Em meu primeiro simulado TOEFL, por exemplo, obtive um score de foi 85, mas consegui um bom aumento no dia da prova, com score de 103. :D

A maneira que usei para estudar para esses testes foi principalmente practicing. Para as provas do application, a estrutura do teste é um fator TÃO importante quanto o conteúdo, e, para aprender a estrutura, é necessário MUITA PRÁTICA!

No fim, eu consegui notas consideradas boas para o application, mas meus scores do ACT/SAT eram um pouco abaixo das notas médias que o site Niche recomendava para o MIT. E, bem, deu certo mesmo assim (lesson: nota não é tudo!).

E O Que Vem Depois?

Feito as provas, depois veio a fase dos formulários, essays e as cartas de recomendação (as quais não será você que fará e terá que correr atrás dos seus professores para que escrevam haha).

Para as cartas, eu escolhi, além do meu professor de inglês, meu professor de olimpíadas, já que ele convivia muito comigo e haviam aulas em que ficávamos apenas nós dois na sala. Por isso, escolham professores que vocês sabem que lhe conhecem melhor, pois será isso que contará para uma carta boa: o professor saber falar do aluno e da pessoa que você é e, principalmente, saber "linkar" essas duas faces — e ninguém melhor que um professor que te conhece bem.

Sobre os formulários…

Pois é, os formulários de Financial Aid (minha opinião) foram as partes mais estressantes e entediantes do processo todo, mas os trate com carinho: são eles que vão lhe situar como uma pessoa real (nome, idade, família, etc) e irão lhe intermediar para conseguir uma scholarship. Então… mão na massa.

Falando em "mão na massa", as essays são a segunda coisa que me vem à cabeça (really, os formulários me marcaram mesmo -_- ). Essa é talvez a parte mais subjetiva de todo o application e também a que você poderá diretamente mostrar a pessoa que é. Minha única dica para essa parte foi a que eu segui — não tem como ter uma dica realmente muito analítica, pois cada um vai ter um modelo de essay e uma forma de escrita que são únicos da pessoa — que é mostrar o porquê você escolheu falar do que está falando na essay.

O que eu quero dizer é: se, por exemplo, o prompt é"What would be your super power if you could choose one?" , você tem que mostrar o poder que mais appeal para você e o porquê de você falar desse poder. Esse “porquê” tem que ser o porquê de você ter escolhido aquilo. Se você tem que falar de uma extracurricular, por que aquela? Mostre que você está contando algo que você truly care about. Seja verdadeiro, sincero e mostre o porquê de você estar fazendo o que faz. É bem genérica a dica, eu sei, mas realmente é algo possível de fazer, exige prática e infinitos drafts, mas, no fim, it’ll be worth it.

Além de todas essas coisas do application itself, tem também as extracurriculares e as honors, que não são coisas que você faz para o application, mas que são reportadas e faladas no mesmo (nunca faça algo pelo puro ou principal motivo de encher a barra de extracurriculars activities do Common App). No meu caso, minhas honors eram basicamente olimpíadas (cheguei a participar da International Chemistry Olympiad 2018 (IChO2018), onde conquistei uma medalha de bronze, e da Olimpíada Iberoamericana de Química 2018 (OIAQ2018), conquistando uma medalha de ouro :D ).

A equipe de química do Brasil do ano passado (foto tirada em Praga) :D
Eu e minha medalha da IChO :)))
Eu e minha medalha da OIAQ :D :D

E minhas extracurriculares também eram envolvidas no mundo acadêmico, como fazer parte da organização de uma olimpíada virtual, dar aulas de olimpíadas em colégios públicos, além de também ter participado do Mentoring and Language Acquisition in Brazil (MLAB) nos anos de 2017-2018 (como um summer program + online mentoring, que ocorre no Brasil).

Pera: você não tem olimpíada????

Bem, então, sinto lhe dizer que não tem problema. As universidades buscam ver atividades que você demonstre que é apaixonado. Você não precisa gostar/fazer olimpíadas se não é algo que ativa um "chan" em você. Don’t worry: se preocupe apenas em mostrar que você se envolve em coisas que você truly love e que você improve on them — vejam mais aqui. O motivo do mito de precisar ter olimpíadas provavelmente é que, no Brasil, apesar de não ser uma oportunidade tão acessível, é a mais provável de alguém ser exposto.

Tá, mas pera: pra onde aplicar? (aleatoriamente arriving here, mas notei que não tinha comentado ainda sobre isso k k k k). A College List é obviamente um fator muito importante, e, para mim, os principais fatores foram financial aid e fit. Todas as que eu apliquei tinham full ride (isto é, aquelas que se comprometem a cumprir com 100% das necessidades financeiras dos alunos que conseguem ser admitidos), porque eu não tinha condições de bancar uma universidade nos Estados Unidos. Além disso, o fit com a faculdade é crucial — você vai passar muito tempo lá e você não quer um ambiente que não se encaixe com você. Além de tudo isso, eu aconselho balancear a college list — equilibre entre Dreams, Target e Safety.

Eu apliquei para um total de 11 universidades americanas, fiquei waitlisted em duas delas e fui accepted em outras duas (MIT e Dartmouth).

De Aluno para Aluno

Tendo falado um pouco sobre a minha história (e falado mais sobre o processo em si em vez da minha história k k k), eu acho que o mais valioso que aprendi nesse processo todo foi que você mesmo é uma coisa muito poderosa e que trabalhar e improve em “ser você mesmo” abre oportunidades incríveis. Foco, concentração, perseverança, resiliência, prática. Cultivem esses valores, ao lado de amizade, paixão pelo que fazem, hábito de ir ao cinema (sério, não só estudem, estudar exageradamente é desfocado) e posso garantir que vocês vão sair outra pessoa desse processo e que, independente do que conquistarem no fim, vão sair melhores desse processo. Desejo um caminho muito feliz a todos vocês.

“May the Force be with you!

And now the future...

Apesar de Dartmouth ser incrível (mds que universidade FOFA), o MIT sempre esteve no meu coração como a The One (vocês perceberam que há muitas referências de How I Met Your Mother no meu texto? Pois é, adoro essa série). Possui uma cultura tech centered, mas também com seu lado humanities (acredite, é verdade), uma comunidade de pessoas que fazem de tudo para melhorar o mundo, um “curso” que não existe em nenhum outro lugar… Todos esses fatores, junto ao high academic environment, ter que ficar até altas horas trabalhando em problem sets… Tudo isso me dá a certeza de que IHTFP. Lá, vale o ditado “Work hard, play hard, e talvez não haja exemplo melhor disso do que perceber que os mesmos alunos que fazem o MIT ser considerada a melhor universidade do mundo são os mesmos que fazem isso. Eu pesquisei muito e muito sobre lá, mas, por experiências de outras pessoas, eu provavelmente não tenho nem 1% de noção de como os próximos anos serão — e isso é exciting!!!

Eu ainda não tenho muito a contar sobre o MIT, mas talvez, no futuro, eu tenha a oportunidade de escrever outro post ou talvez vocês achem meus posts no https://mitadmissions.org/blogs, mas o que eu sei é que eu estou muito feliz e grato por ter essa oportunidade e agradeço a Deus e a todos ao meu redor que fizeram parte dessa longa caminhada até aqui. O futuro é incerto, mas toda vez que lembro de que estou indo ao MIT, lembro de uma parte de uma certa música:

“93 million miles from the sun

People get ready, get ready

'Cause here it comes, it's a light,

a beautiful light, over the horizon into our eyes

Oh, my my how beautiful, oh my beautiful mother

She told me, "Son in life you're gonna go far

If you do it right you'll love where you are”


(Jason Mraz, “93 Million Miles”)

Texto revisado por: Camilo Vasconcelos, Gabriel Cunha e Marina Rosignoli.